Entretenimento

Das Sequências Aguardadas às Viagens Mágicas: O Gênero Romântico se Reinventa nos Cinemas

O cinema romântico continua a cativar o público com propostas diversas, que vão desde a continuação de sagas já conhecidas até novas histórias que misturam fantasia e jornadas emocionais profundas. Atualmente, duas produções se destacam nesse cenário: a sequência “Belo Desastre – O Casamento” e o aguardado “A Big Bold Beautiful Journey”, um filme que promete uma abordagem única sobre amor e autoconhecimento.

Belo Desastre: O Futuro da Franquia Após “O Casamento”

Os fãs de comédias românticas já podem conferir nos cinemas brasileiros “Belo Desastre – O Casamento”, a continuação do filme de 2023. Estrelado por Dylan Sprouse e Virginia Gardner, o longa dá continuidade à tumultuada história de Travis Maddox e Abby Abernathy. No entanto, a grande questão que fica para os fãs é se este será o último capítulo da franquia.

Até o momento, não houve confirmação oficial de um terceiro filme. O futuro da saga dependerá, em grande parte, do desempenho e da recepção do público nas bilheterias. Ainda assim, há material de sobra para novas adaptações, já que a série de livros de Jamie McGuire explora as histórias dos outros irmãos Maddox, expandindo o universo para além do romance de Travis e Abby. Os próprios protagonistas, Dylan Sprouse e Virginia Gardner, já declararam em entrevista que estariam dispostos a reprisar seus papéis caso um novo projeto seja aprovado.

A Big Bold Beautiful Journey: Um Encontro Mágico com o Passado

Enquanto uma franquia pode estar se consolidando, uma nova história fantástica chega para encantar o público. “A Big Bold Beautiful Journey”, dirigido por Kogonada (“After Yang”), apresenta uma premissa tão romântica quanto imaginativa. A jornada do título começa quando David (Colin Farrell) conhece Sarah (Margot Robbie) em um casamento no campo. Ambos estão solteiros por razões distintas — ele, um romântico incurável; ela, uma cínica autocrítica.

O elemento fantástico é introduzido através de uma misteriosa locadora de veículos, onde os dois, sem saber, alugaram carros com um GPS especial. Esse sistema os guia por paisagens da Califórnia até uma série de portas mágicas. Ao atravessá-las, eles são transportados para momentos cruciais do passado um do outro, testemunhando e vivenciando juntos eventos que moldaram suas vidas, como um amor não correspondido na adolescência de David ou a relação de Sarah com sua falecida mãe.

Estética e Emoção na Direção de Kogonada

O filme se destaca por uma atmosfera visualmente deslumbrante e cuidadosamente construída. A fotografia é banhada por uma luz dourada, mesmo sob a chuva, e a paleta de cores — visível nos guarda-chuvas e nos trajes dos personagens — é tão deliberada que remete a um musical. Essa sensação é reforçada pela transformação dos cenários em palcos ou pinturas, criando uma experiência lúdica e surreal, semelhante a filmes como “La La Land”.

Essa elogiada mistura de romance e road movie se transforma em uma melancólica jornada de autoconhecimento. Embora os diálogos, escritos por Seth Reiss, por vezes pareçam hesitantes, isso reflete a insegurança dos personagens, que carregam traumas e decepções passadas. Margot Robbie e Colin Farrell entregam atuações cativantes, não como um casal perfeito, mas como duas pessoas imperfeitas e perdidas que buscam uma conexão genuína. As cenas mais comoventes envolvem as interações com seus pais, explorando dores e laços familiares de forma profunda e tocante.

Uma Jornada ao Passado Sem Nostalgia

Kogonada demonstra com maestria que revisitar o passado pode ser um processo doloroso, longe de qualquer idealização nostálgica. Ao conhecerem os momentos mais difíceis e vulneráveis um do outro, David e Sarah têm a chance de reavaliar sua conexão inicial com uma base de honestidade brutal. O filme é embalado pela trilha sonora minimalista e etérea de Joe Hisaishi, conhecido por seu trabalho com o mestre da animação Hayao Miyazaki, o que reforça o realismo mágico da obra.

As paisagens parecem quase surreais em sua beleza, e as portas para outros mundos ecoam temas presentes nas animações de Miyazaki. Ainda que a lógica das viagens no tempo apresente pequenas inconsistências, o coração do filme está no lugar certo. “A Big Bold Beautiful Journey” se firma como uma reflexão poderosa sobre como o enfrentamento do trauma pode, talvez, ser o primeiro passo para a cura e para a construção de um novo amor.